Talvez você já tenha se perguntado algum dia, será que design e arte são a mesma coisa? É comum haver esse tipo de questionamento, afinal a primeira percepção de um objeto na maioria das vezes acontece de maneira visual. Dificilmente você irá parar pra pensar logo de cara em como chegaram naquele resultado.
No campo do design de produto diversos designers se tornaram famosos por idealizar projetos com formas que nos chama atenção com um grande apelo estético ou pela sua genialidade que se equipara a obras de arte. Muitos estão hoje expostos em museus por exemplo. Mas, espera um instante, se está num museu, junto a obras de artistas famosos, quer dizer então que design também é arte! Correto? Bom, na prática as coisas funcionam um pouquinho diferente.
Comunicando com um propósito diferente
Para deixar claro a diferença, devemos primeiramente entender os objetivos de cada um. É certo que ambos são formas de comunicação, porém eu diria que na arte essa comunicação se torna mais expressiva e pessoal, enquanto no design os gostos mais profundos do designer são deixados de lado.
A arte por sua vez, se apresenta muitas vezes de forma subjetiva e sua mensagem fica livre a diferentes interpretações, em contraste com o design, que tem por obrigação ser objetivo e facilmente entendido pelo seu observador ou usuário em questão.
A arte é livre, um artista pode buscar inspirações nas mais variadas fontes. Ele pode se expressar através da música, da escultura, da pintura ou desenho, por exemplo. Sem se importar a quem essa mensagem irá atingir.
Certo, mas o designer também pode buscar inspiração em vários lugares na solução dos seus projetos. Porém ele deve seguir um protocolo para cumprir a sua meta, toda a comunicação é planejada para que o usuário a possa compreender, caso contrário o projeto será um fracasso.
Design e função
Löbach (2001) distingue objetos de uso e objetos artísticos de acordo com sua necessidade. Os objetos de uso são um reflexo de determinado cenário social, onde a economia e a tecnologia ditam as regras para a produção de tal objeto.
O produto deve ser útil, cumprindo as necessidades funcionais e estéticas do usuário que tem sua própria bagagem cultural e está imerso a diferentes grupos sociais que influenciam em seu comportamento. É claro que para que esse resultado seja alcançado com sucesso, será um necessário um projeto que lidará com essa questão visando também a viabilidade.
Um objeto artístico possui uma função puramente estética, mesmo que seja produzido industrialmente ele não tem qualquer outro tipo de obrigação utilitária. Aqui temos como exemplo objetos de decoração incluindo também obras de arte, embelezam bem o ambiente, mas não são artigos extremamente essenciais na vida das pessoas. No Brasil é comum termos representações da arte ou que se acredita ser arte, reproduzidos em escala industrial para a comercialização. Mas será que essas peças deixam de ser arte? Afinal o objeto concebido pelo artista é único, enquanto no caso citado são vendidas apenas cópias. O você acha? Deixe sua opinião nos comentários!
Referências: LÖBACH, B. Desenho industrial: bases para a configuração dos produtos industriais. São Paulo: Editora Edgar Blücher Ltda, 2001.