Inegavelmente, o design possui uma vastidão de termos e princípios. Logo, se aplicados corretamente, facilitam nossa vida de tal modo que, até mesmo os mais desapercebidos são capazes de notar. Hoje falarei sobre um dos princípios de design mais importantes, a tal da affordance. Mas afinal, o que significa esse termo? Para que isso serve? Seria mais um método maluco de design? Calma, já vamos chegar lá.
História
O responsável pela criação deste termo, foi o psicólogo J.J. Gibson em 1977. Segundo ele, “as affordances do meio ambiente são o que ele oferece para o animal, aquilo que o ambiente fornece ou de que dispõe, seja para o bem, seja para o mal.” Em outras palavras, vivemos em um mundo de interações, percebemos e interagimos com tudo ao nosso redor. Toda essa percepção se dá de acordo com as características do fenômeno, situação ou objeto observados. Ao passo que mais tarde Donald A. Norman o adaptou. Este princípio é responsável por evidenciar e induzir o usuário a interagir da forma desejada com determinado objeto. Posteriormente, esse conceito começou a ser aplicado em outras áreas. Em uma dessas, os designers em toda a sua sagacidade, começaram a também aplicar este conceito na prática. Logo que, hoje podemos encontrá-la tanto no mundo físico quanto no digital.
Definição de affordance
Em suma, ela nada mais é do que a relação entre o homem e o objeto. Isto é, uma capacidade de compreensão e interação. Dessa forma, a relação se dá por conta de determinada característica que os objetos têm de induzir a o usuário a entender como devem ser usados. Seja por sua forma ou seu material, ao se deparar com algo, você instintivamente já sabe utilizá-lo. Por exemplo, um bule de café e uma xícara, a maçaneta de uma porta, um caderno em branco, uma caneta. Tudo isso sem uma manual de instruções, afinal, se o mesmo fosse necessário, o design teria falhado. Graças à affordance, somos capazes de entender que algo foi feito para girar, apertar, puxar, riscar, pegar, calçar, vestir, ouvir…
Sim meu querido leitor, design não só bebe como também toma banho nas ciências da psicologia e comunicação. Quanto mais aumentamos nosso repertório cultural, através de experiências vividas, mais fácil e simples se torna nossa interação com o mundo. Isso explica o estranhamento de uma pessoa do interior, ao se deparar com as facilidades da cidade grande, por exemplo. Somos eternas crianças em constante aprendizado, e quanto mais nossa percepção evolui, mais a tecnologia evolui a passos largos. Tente reparar mais nas coisas do cotidiano, e irá se surpreender com a genialidade humana!
Referências:
Gibson, James J. The Ecological Approach to Visual Perception, 1979 (p.127)
Norman, Donald A. The Design of Everyday Things, 1988 (p.13, p.33)