Indo direto ao ponto, a semiótica nada mais é do que o estudo dos signos, não aqueles do Walter Mercado (desculpa pessoas de Leão e de Libra, ainda estamos falando de design). Quando digo signos, me refiro à formas de comunicação, linguagens para ser mais exato, sejam elas verbais ou não-verbais. Estamos imersos em um mundo que se comunica por inúmeros meios, um mundo de formas e sons. Essa ciência vem estudar justamente o que todas essas coisas podem significar para o homem, como ele percebe o mundo.
As diferentes percepções dentro do campo da Semiótica
Porém, antes de mais nada, devemos levar em conta que, a maneira com que você compreende o mundo ao seu redor , depende inteiramente de sua bagagem cultural. Ou seja, todo aquele conhecimento que você trás consigo de sua vivência em sociedade desde criança e que está em constante expansão a cada nova experiência.
Uma coisa pode significar algo pra você e não significar nada pra mim, ao mesmo tempo que outra coisa pode significar a mesma coisa tanto para um pequeno grupo de pessoas quanto para a grande maioria. E é aí que entra o design colocando seu pezinho na semiótica, afinal de contas, design e comunicação andam de mãos dadas, design é comunicação!
O estudo da semiologia segundo Peirce
O que seríamos de nós se não fossem os cientistas? Um dos principais cientistas cuja genialidade contribuiu para a posterior criação dessa nova ciência foi Charles Sanders Peirce (1839-1914). No final do século XIX começou a fundamentar teorias sobre os fenômenos da linguagem e comunicação assim como listou três categorias na qual se dá a nossa percepção de algo que nos é imposto, são elas:
A primeiridade, que seria no caso uma primeira impressão. Sem pensar muito, a partir do momento que interage com algo, é aquilo que está em sua mente de imediato, instantaneamente. Um sentimento de qualidade, como sabor, tom ou matiz. Por exemplo quando a primeira coisa que você repara em algo é a cor azul.
A secondidade, onde você já começa a compreender mais a fundo tal mensagem. É onde buscamos referências mais concretas de tudo aquilo que já vivemos e assim entender a mensagem ou estímulo. Você sabe que é algo material, algo que existe. Pegando carona no primeiro exemplo, você percebe que se trata de um fusca azul.
A terceiridade, é onde sua interação vai além daquela simples mensagem ali presente. Você conecta toda a informação recebida à sua bagagem cultural, suas experiências. Aqui o observador pode ser tomado por inúmeros sentimentos. Por exemplo, você se lembra que seu tio já teve um fusca azul, pode se lembrar da vez em que andou de fusca e como foi e por aí vai. Um pensamento dentro de outro pensamento.
Os tipos de signos
Conseguimos interpretar tudo isso pois em nossa mente já aprendemos o que é e como é um fusca ou a cor o azul. Tudo isso são signos, assim como vemos os utensílios da imagem acima e todas as coisas que possam existir no mundo. Peirce divide os signos em três tipos:
Ícone – que é a representação de determinada coisa através de atributos existentes na coisa representada. Por exemplo: a foto acima, não são as xícaras propriamente ditas, mas uma representação, apenas uma imagem que remetem ao objeto xícara.
Índice- que são indícios de determinado objeto ou fenômeno, que nos ligam diretamente à esse objeto ou fenômeno. Por exemplo, a marca de café da xícara sobre uma mesa. Você sabe que ali existia uma xícara, por que ela deixou uma marca que nos indica isso.
Símbolo– que é um conjunto de características que representam algo de maneira generalizada. Dá pra confundir um pouquinho com o ícone, porém nesse caso vai mais além. Afinal, são essas características que nos fazem entender que tal coisa é tal coisa. Por exemplo: qualquer recipiente de louça com uma alça do ladinho pra por café, a gente logo de cara já imagina uma xícara em nossa mente.
Depois de entender todos esses conceitos, o designer usa essa ciência a seu favor, utilizando uma linguagem que será facilmente entendida pelo usuário ou público do projeto.
Afinal, entender o perfil dessas pessoas é uma etapa essencial em um projeto de design, e isso engloba todos os gostos e a maneira de pensar dessa persona. Tudo isso torna possível a criação de uma mensagem ou qualquer objeto que são a sua cara!
Bibliografia:
SANTAELLA, Lucia. O que é Semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1983.
NIEMEYER, Lucy. Elementos de Semiótica aplicados ao design. Rio de Janeiro: 2AB, 2003.